(Foto de Elisabete Rodrigues, Jornal Barlavento)
O Sol abençoa a tarde, nesta cidade ao sul e os arautos caminham a passos lentos, calculados e treinados pelas ruas da cidade. O povo olha-os com a estranheza de quem não está à espera de um espectáculos tão pouco vulgar. Entre os comentários de agrado e indiferenças o grupo continua a anunciar:
- Eis a obra acabada, qual pássaro ansioso por experimentar o seu primeiro voo.
- Daqui do alto, saúdo todos os poetas, todos os que sonham poder voar e declaro aberta a porta das espreitadelas do conhecimento.
Os convidados dobram a porta e iniciam as suas espreitadelas. A sala ficou cheia de gente e os discursos ouvem-se e soam a um sonho concretizado.
Bem hajam, todas as mãos que corporizaram um desejo antigo e sempre renovado da humanidade. Esta nova biblioteca, representa um novo tempo, o da cultura da oportunidade, da democracia. Democracia no acesso a meios e a recursos concentrados num espaço colectivo, livre, aberto ao tempo e no tempo em que vivemos.
(Foto de Paulo Izidoro)
Uma biblioteca é uma das mais belas formas de experimentar a democracia. Tanta ideia, tanta ciência, tanta diferença, tanta escrita, tanta arte num só espaço intemporal. Para quê? Para quem? Para o viajante deste século conversar com o passado da humanidade, consigo próprio, com o outro, debater e flexionar-se em pensamentos reais e absurdos, incorporando o que lhe traz sossego à alma.
A biblioteca é um espaço para além do espaço, é a porta sempre aberta, à espera daquele que quer espreitar, sem julgamento, ou imposição. A biblioteca é a casa onde moram todos os homens deste mundo é o sítio onde mais se sente o contraditório das verdades.
A biblioteca é uma dádiva de homens para outros homens. Que todos saibamos recebê-la, apreciá-la e desfrutá-la.
Madalena Santos
A professora coordenadora da biblioteca escolar do 1º ciclo